sábado, 20 de janeiro de 2007

A discutível utilidade dos desgostos de amor


Na Única da semana passada (que só tive oportunidade de ler ontem à noite), Miguel Esteves Cardoso escreve uma crónica sobre o sofrimento atroz dos desgostos de amor. Diz que quem sofre alguma fez de um verdadeiro desgosto de amor nunca se recompõe. Miguel Esteves Cardoso escreve assim: "Tal é o medo de aceitar a totalidade da tragédia que são que se chega ao ponto de ver os desgostos de amor como um rito de passagem não só para a humanidade como para o próprio amor - o que é muito mais grave.(...) Já um desgosto de amor é um desgosto completo: uma desilusão e uma angústia; uma frustação de quase não existir, que começa por nós próprios, num incêndio de chuva que vai por aí a fora até estragar o mundo inteiro, incluíndo o que mais se queria proteger: a pessoa amada. (...) Acrescentando, às vezes, mais duas:«Deixa lá.» Como se pudéssemos responder:«Boa ideia - vou deixar!» Os desgostos de amor estragam a alma. É preciso ter muito medo deles. Respeito. Cuidadinho. Tratar o amor nas palminhas. Mesmo antes de chegar a pessoa que se vai amar. É que os corações partidos ficam partidos. Deixam de poder amar."

Todos nós já amámos, já provocámos algum desgosto de amor e já sofremos por amor. Mas será que os desgostos de amor são assim tão fortes? Uns, com certeza, serão mais marcantes... Mas também não serão uma óptima etapa para analisarmos as pessoas que somos e dar um empurrão na nossa vida? Nem que não seja para ocuparmos o espírito com outra coisa que não a pessoa que já não nos ama! Sem dúvida que se sofre e que algumas desilusões nos marcam para sempre. Mas devemos nós ficar agarrados àquilo que não foi e que nos convence que nunca mais vamos poder amar daquela maneira? Acho que não. A esperança de que se pode amar sempre mais nunca nos deve abandonar. Mesmo que a experiência nos mostre o contrário...

É isto que pensa a princesa Alice sobre os desgostos de amor, que ultimamente têm batido à porta dos seus amigos do reino...

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