quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

"Determinação precoce" e "conversas culturais"

Enquanto fazia o habitual zapping a horas tardias, a princesa Alice encontrou uma das pérolas da actual programação televisiva que temos, o programa Câmara Clara. Entre "conversas culturais" pode-se ter acesso aos melhores comentários sobre a relação do ser humano com as artes. Há três semanas, a escritora Inês Pedrosa foi uma das convidadas. Partir de Portugal para se fazer arte, o cosmopolitismo da escrita, a necessidade de se ir mais além foram alguns dos temas abordados nas "conversas culturais". A certa altura, Inês afirma que, como ela, algumas pessoas têm uma "determinação precoce" no que diz respeito à "profissão" que terão no futuro. Ela sempre quis ser escritora. Sempre soube que o seria (e ainda bem, porque as crónicas dela no Expresso levam-me sempre a gostar do que leio).
Fiquei a pensar se a princesa Alice demonstrou ou não alguma "determinação precoce". O que não pode ser confundido com teimosia. No caso da princesa Alice a dúvida permanece... "Determinação precoce", teimosia ou perfeccionismo? Hum... Lá teremos nós de pensar mais um bocado nisto da "determinação precoce".
P.S. "Conversas culturais" está entre aspas, porque sinceramente não considero que falar-se de assuntos que nos levam a olhar para dentro e para a nossa relação com o mundo seja uma actividade cultural...Pelo menos no sentido elitista do termo.

O Mr. Big da vida de todas nós...


Enquanto a princesa Alice via mais um dos episódios do Sexo e a Cidade, chegou a uma conclusão: todas as mulheres têm um Mr. Big na vida! O Mr. Big é aquele homem pelo qual nos apaixonámos um dia, com o qual nos envolvemos e que mais tarde acabou. Aqui o problema (com os Mr. Big) é que o "acabar" torna-se um círculo vicioso. Hoje está tudo acabado e passado uns meses... Voilá! Il est ici! E depois aparece nas alturas mais inesperadas. Nós, mulheres, que tentamos sempre pensar como eles mas acabamos sempre a sentir como nós, dizemos que não, que não dá, que já tentámos... Mas depois o ar sexy, as boas recordações e a presença arrebatadora do Mr. Big leva sempre a melhor. E isto enerva! Porque se a sensação de se ter alguém que nos olha de uma forma especial como não olha para mais nenhuma mulher (pelo menos é o que os Mr. Big dizem), é óptima, não ter certezas de nada e já se estar cansada de uma história que nunca mais tem fim, é mau e não nos leva a lado nenhum! Agora, por que é que nos metemos sempre nestes jogos é que eu não sei!


A Carrie já tinha o seu pintor de sonho. Um homem culto, que estava disposto a ficar com ela. Mas o Mr. Big apareceu. E a pobre rapariga, que já estava de malas prontas para ir para Paris viver com o seu pintor, ficou na dúvida. Ela foi para Paris mas o Mr. Big foi atrás dela e as evidências para não se fechar um capítulo que já dura na sua vida há seis anos falaram mais alto.


Os Mr. Big podem não estar sempre presentes, mas parece que estão sempre à espreita...A rondar...À espera.

Se não desistem de uma mulher é porque se calhar até gostam dela. Mas às vezes a forma como gostam não chega.


A princesa Alice já resolveu a situação do seu Mr. Big. Agora só se espera que esta resolução não seja um "até qualquer dia". Pelo menos na qualidade de Mr. Big!

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

"Adeus" (um dos poemas preferidos de Alice)

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinasem esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.

Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus.


Eugénio de Andrade

"Poema melancólico a não sei que mulher"


Dei-te os dias, as horas e os minutos
Destes anos de vida que passaram;
Nos meus versos ficaram
Imagens que são máscaras anónimas
Do teu rosto proibido;
A fome insatifeita que senti
Era de ti,
Fome do instinto que não foi ouvido.

Agora retrocedo, leio os vrsos,
Conto as desilusões no rol do coração,
Recordo o pesadelo dos desejos,
Olho o deserto humano desolado,
E pergunto porquê, por que razão
Nas dunas do teu peito o vento passa
Sem tropeçar na graça
Do mais leve sinal da minha mão...


Miguel Torga

"Quanto, quanto me queres? - perguntaste"

"Quanto, quanto me queres? - perguntaste
Numa voz de lamento diluída;
E quando nos meus olhos demoraste
A luz dos teus senti aluz da vida.

Nas tuas mãos as minhas apertaste;
Lá fora da luz do Sol já combalida
Era um sorriso aberto num contraste
Com a sombra da posse proibida...

Beijámo-nos, então, a latejar
No infinito e pálido vaivém
Dos corpos que se entregam sem pensar...

Não perguntes, não sei - não sei dizer:
Um grande amor só se avalia bem
Depois de se perder.

António Botto

"Volúpia"


No divino impudor da mocidade,
Nesse êxtase pagão que vence a sorte,
Num frémito vibrante de ansiedade,
Dou-te o meu corpo prometido à morte!

A sombra entre a mentira e a verdade...
A núvem que arrastou o vento norte...
- Meu corpo! Trago nele um vinho forte:
Meus beijos de volúpia e de maldade!

Trago dálias vermelhas no regaço...
São os dedos do sol quando te abraço,
Cravados no teu peito como lanças!

E do meu corpo os leves arabescos
Vão-te envolvendo em círculos dantescos
Felinamente, em voluptuosas danças...


Florbela Espanca

A princesa Alice encontrou...


Cibelle. Hoje actua no Santiago Alquimista. Oiçam, porque a menina sabe cantar e traz uma lufada de ar fresco à música no feminino. Gosto.

Pequenos luxos






Os relógios começam a ser uma fraqueza. Mas estes são fantásticos, não são?

Só me apetece...

Gritar até não ter mais voz.

Sabem quando estão tão eufóricos que só apetece gritar ao mundo: "Aqui eu sou feliz!!!!"

A princesa Alice está, como se diz lá pelas noites académicas de Faro, "para lá de contente!"

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

Ai, ai...

Com o coração apertadinho.... Com medo, ansiedade e com o inevitável friozinho no estômago...

Quando os sonhos chegam, ficamos assim... à espera da sua derradeira concretização...

terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

"Assim que te despes"


Para a princesa Sílvia que me levou a descobrir o fado de Cristina Branco



Assim que te despes


In Corpo Iluminado XX



Assim que te despes

As próprias cortinas

Ficam boquiabertas

Sobre a luz do dia

Os teus olhos pedem

Mas boca exige

Que te inunde as pernas

Toda a luz do dia

Até o teu sexo

Que negro citila

Mais e mais desperta

Para a luz do dia

E a noite percebe

Ao ver-te despido

O grande mistério

Que há na luz do dia



David Mourão Ferreira

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Hoje...

Só me apetece dizer "gosto tudo de si"...

Presa à meloncolia da chuva que oiço lá fora....

"Príncipe"

Katie Holmes



Desejei-te ontem, de mais, e hoje também. Todos os dias são o mesmo dia quando te desejo assim. Só penso em ti. És inagualável. De olhos fechados consigo encontrar-te noutros corpos, mas só o teu amo de olhos abertos. Amo-te de mais. Dormi agarrada à camisola de que te esqueceste. Ela ainda tem o teu cheiro. Vou guardá-la numa caixa para continuar perfumada. Não te a darei de volta. Não peço o teu amor. De ti não exijo nada. Mas nunca me digas que o amor é impossível. Tu fazes-me viver, sonhar, acordar com pesadelos. Tu és o meu diamante solitário e entre nós não há qualquer contrato. Quando te escrevo tu não foges das minhas páginas. Quando te escrevo tu ressuscitas a minha alma. Acompanho o teu sorriso de longe e de perto, meu príncipe das trevas, lindo. Guardo comigo o teu olhar e sei que te recordas do meu corpo a tentar convercer-te que o meu amor é inteiro, embora nunca o seja o bastante. É bom desconfiar do amor porque ele às vezes é traiçoeiro, metamorfoseia-se em reles sentimentos, eras tu que mo dizias. Eu não concordo. Desculpa-me, príncipe, o ter-te acordado hoje tão cedo. Tu sabes que não uso relógio. Só sei se é dia, se é noite. Tu sabes que eu sou uma apaixonada. Perdoa-me. Diz qualquer coisa logo que possas. Sinto saudades, é só. Não existe corpo, não existe face, não existe sexo e existe tudo isso. Só o amor é imortal, acredita.
Pedro Paixão, Asfixia

"Recado escrito num papel rosa"


Não fugi.

Fui só às compras.

Não sei porque não fujo, talvez porque não posso.

Não sei porque não volto. Talvez porque precise.

Espera por mim que eu volto, enquanto puder.

Mas quando eu fugir, vai atrás de mim

e faz-me sentir amada.


Pedro Paixão, Asfixia

Para o poeta fingidor


Caro poeta fingidor,


Como a princesa Alice não quer que lhe falte nada, aqui fica uma fotografia da grande personagem Miranda, da série o Sexo e a Cidade.

Assim, já tem o destaque que anteriormente não lhe foi dado. É assim, uma pessoa esquece-se das coisas. É a idade...


Assim já está melhor ou falta alguma coisinha?

Diga lá, porque no reino de Alice não pode faltar nada aos seus compatriotas!

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Hoje, Alice anda à procura de...


Deixar para trás este frio na barriga, que ainda teima em se fazer sentir sempre que apareces assim, sem anunciar a chegada.

Esperar que o tempo leve aquilo que a vida quer guardar.

Não dar a conhecer a dor de se querer algo que se abandona, porque é assim mesmo... Há coisas que se têm de perder para nunca mais serem encontradas.


Que já não querem ser encontradas. Um olhar cúmplice, uma entrega que em tempos foi sincera, uma esperança que se desvaneceu, uma frustação que foi cumprida, uma saudade que queima a alma, uma ausência que se faz presente. Relíquias de um imaginário vivido, lá ao longe, num dia de chuva, onde o fim pernoitava às escuras, ali perto.

Mas que horas depois, acordou.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Um blog à Sexo e a Cidade


Na opinião dos amigos da princesa Alice, este blog reflecte a alma feminina e citadina que há na Alice. É um blog que os diverte, dizem.


Por cá vai-se continuar a falar de coisas banais mas que mexem com todos nós (pelo menos com o nosso lado feminino).


Ao menos que os divirta!


A ver se a princesa Alice utiliza os seus conhecimentos profissionais e começa a falar de jornalismo e do que se passa no mundo. Por enquanto é só o "seu mundo" que é posto a descoberto.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

Hoje, Alice anda à procura de...


Não sentir tanta adrenalina sempre que vai para uma auto-estrada. Mesmo não pasaando dos 110 Km/h parece que se está a andar numa montanha russa!


Mas isto da condução anda muito melhor!


Pelo menos mais nenhuma rotunda foi galgada!

Momentos de prazer...


A princesa Alice adora este quadro de Van Gogh!


Há poucas coisas como a Arte para elevar os sentidos a um estado de contemplação.


Apesar de a princesa Alice se interessar por pintura, o seu conhecimento é parco nesta matéria (e em muitas outras). Mas, de qualquer maneira, o que considera importante na Arte é a capacidade que esta tem para nos transmitir sentimentos.


Este quadro deixa a princesa Alice bem disposta. Lembra-lhe uma qualquer noite de Verão numa esplanada em Lisboa.


Ainda em relação ao referendo

Caro P.R.,

Não se trata de condenar, apesar de as leis servirem para regular valores e atitudes. Quem mata, quem rouba vai preso. Votar "não" (e relembro que muitos vão votar "não", não por causa da despenalização mas sim da liberalização) é dar mais alternativas, mais escolhas. E penso que ter escolhas numa sociedade democrática não é ser-se juiz moral. Porque se o "não" está a julgar moralmente as mulheres (o que a princesa Alice não acha, porque o "não" ajuda as mulheres, apoia-as e desde 1998 que foram criadas inúmeras associacções que dão um apoio concreto às mulheres), o "sim" está a julgar pela vida de um ser que não é seu. Portanto, antes de se dar um argumento deve-se pensar no contra-argumento.
A condenação (que efectivamente não existe, nenhuma mulher foi presa) é uma manobra de show-off que os partidos pelo "sim" fazem. "Há um julgamento? Então vamos chamar os meios de comunicação social para isto dar barraca". Ou seja, a humilhação é feita por quem quer mediatizar os julgamentos e por aquelas mulheres que vão exibir orgulhosamente t-shirts a dizer "eu fiz um aborto" ou "quem manda na minha barriga sou eu".
Se os apoiantes do "não" chamassem os meios de comunicação social sempre que uma mulher, que é apoiada pelos inúmeros voluntários que se empenham em dar escolhas à mulher e à criança, decide ter o bebé é que faziam bem. Ao menos jogava-se o mesmo jogo.
Mas por que é que será que isso não acontece?

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

Alice e a atitude cívica


Pois é, com o referendo à porta, o tempo para "blogar" não tem sido muito. A princesa Alice, voluntária da plataforma "Não Obrigada" anda numa correria de distribuição de panfletos e de colagem de outdoors. O tempo que ocupa é muito mas a causa é nobre. Nos debates que têm sido transmitidos (a princesa Alice não tem perdido nenhum), alguns argumentos deixam Alice estupefacta. Numa sociedade democrática é óptimo que exista opiniões diversas e Alice faz MESMO um esforço para tentar compreender alguns argumentos do lado do "sim". Mas quando se fala de "coisa humana", de que defender o direito da vida é algo medieval e de que quem já fez um aborto e vai votar "não" é hipócrita é difícil compreender. Os argumentos mais consistentes do lado do "sim" são os jurídicos. Mas de facto, o que está em causa na pergunta não é a despenalização. É uma pergunta 3 em 1: despenalização, liberalização até às 10 semanas e realizado em estabelecimento público com o dinheiro dos contribuintes... Portanto, quando os defensores do "sim" dizem que o que está em causa é somente a despenalização estou a refugiar-se por detrás de uma pergunta que de inocente não tem nada e onde a despenalização vem acompanhada de mais dois apêndices que fazem toda a diferença!

Depois dizem que são contra o aborto! Se são contra não o legalizem! Se algo é considerado maléfico, prejudicial, traumático, então que não se abram portas para o que é mau seja praticado em muito maior escala. O aborto clandestino é uma realidade que não vai acabar. Mesmo que o "sim" ganhe no próximo referendo, muitas mulheres por vergonha social, para não se exporem (porque o que está em causa não é somente uma lei mas uma prática que acarreta cultural e socialmente atitudes que não são vistas como uma conquista pessoal) vão continuar a ir a Espanha ou às parteiras da esquina. Já para não falar de que as 10 semanas e um dia já são criminosas!

Não terá a sociedade alternativas para este conflito de interesses, que pondere os dois lados, mãe e feto? A legalização desresponsabiliza-nos enquanto sociedade. "Queres fazer? Então faz!"

Aqui não está em causa a privacidade dessa escolha. Quando se defende a responsabilização da sociedade nesta causa fala-se de apoio, alternativas que devem ser dadas a quem engravida sem querer. Neste conflito de interesses, quando a vontade única e exclusiva da mãe ganha, implica não a interrupção mas a morte de um ser. E como se diz "para a morte não há remédio". Não se pode nunca voltar atrás.


A princesa Alice pode não andar com tempo para "blogar" mas pelo menos anda a pensar sobre assuntos sérios dos quais não se quer desresponsabilizar.