segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Sugestões culturais

  • Peça Dentadas, com encenação de Isabel Medina - No Teatro da Comuna;
  • Jesus Cristo Superstar, com encenação de Filipe La Féria - no Teatro Politeama (não gosto particularmente de musicais. Mas algumas das interpretações merecem ser vistas. Destaco o Pedro Bargado, que faz de Judas. É de ficar de queixo no chão. Muito talentoso mesmo.
  • A exposição de António Ole, na Galeria 111 (definitivamente para ver de novo, porque estava em trabalho e não lhe dei a devida atenção).

Missão cumprida

Hoje fiz tudo o que tinha para fazer. Até escrevi aqueles e-mails que já devia ter escrito há quase um mês. E não pensem que tive o dia livre! Escrevi de enfiada sete textos para a revista!

Adoro esta sensação de missão cumprida...
But tomorrow it is another day...

P.S. Tenho vontade de te telefonar. Acho que gosto de falar contigo. Fazes-me rir...
Mas não o faço. Acho que me sentiria embaraçada.
Mas apetece-me....
Mas e o embaraço?
Hum... Talvez te ligue ainda durante esta semana. Afinal, deixámos um assunto pendente...
Nada de importante....
Pois não, de facto. Mas serve de pretexto...
Mas por que é que quero falar contigo?
Porque és interessante...
Não sei se és assim tão interessante...
Mas quero descobrir?
Hum.... Acho que sim.
Então, liga-lhe!
Sim. Talvez amanhã...

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Diário das pequenas coisas


Há pequenas coisas que nos são tão queridas... Mas normalmente nem dou por elas... Por isso fiz um esforço e aqui fica um apontamento sobre as minhas "pequenas coisas". (Para que dá próxima vez lhes dê o seu devido valor).


Uma boa conversa

Um elogio

Um olhar cúmplice

Chover lá fora enquanto estamos enrolados no sofá a ver um bom filme

ler um bom livro

Ouvir alguém inteligente a partilhar ideias

Rezar

Dançar com alguém

Comer uma pizza no Nandos

Sair de uma aula de localizada

Uma massagem

Um beijo

Comprar alguma coisa bonita para a oferecer a nós mesmos

Uma mensagem boa e inesperada

Ouvir uma música que se adapte à nossa história pessoal

Comprar um livro

Surpreender alguém

Encontrar na net blogs giros

Dar uma boa gargalhada


To be continued....

Deitar-me no sofá

Hoje, só me apetece deitar no sofá e não pensar em nada...

Às vezes precisamos de alguma monotonia para apreciar a montanha russa que é a vida.
Mas entre tantos "loopings" sabe bem voltar a andar com os pés no chão para voltar a querer andar nas nuvens.

sábado, 24 de novembro de 2007

Livros na Cabeceira

O Sétimo Selo, de José Rodrigues dos Santos
Na forma não inova - repete os diálogos de sucesso, e que são empolgantes, d' O Codex 632 e d' A Fórmula de Deus. Mas o conteúdo é bom. O perigo do aquecimento global é apresentado em forma de romance, com personagens com conteúdo. Um livro que dá que pensar...

O Memorial do Convento - há tanto tempo que está na cabeceira. It never ends...

O Monge que vendeu o seu ferrari - um livro que dá que pensar. Uma postura a adoptar...

Enquanto ela me olha


Hoje, despi-me de tudo o que tinha. Renasci. Andei nua por entre a multidão que nada vê. Ergui a cabeça e sem pudor desfilei, altiva por quem olha indiferente. Assumi tudo aquilo que sou. Ou melhor, assumi tudo aquilo que serei. Desejo-me, sem complexos deste sentimento narcísico.

Ela olhou para mim e disse-me: "Hoje, resplandeces".

A luz acompanha o meu corpo nu. E ela olha-me e pensa: "Também eu quero ser assim, diferente, única, resplandescente".


Gosto de me sentir admirada. Também eu me admiro com orgulho. Sei que tenho aquilo que quero.

Grata, olho para o céu. Algo maior move os destinos de quem escolhe por entre tantos caminhos diferentes.

Num gesto simbólico, olho para trás e sorrio. Agradeço. Assumo de novo a posse altiva e continuo no rumo que escolhi. Ela continua a olhar-me, agora detrás e pensa: "Resplandescente".

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Uma carta para ti...

Hoje, tenho saudades tuas... Em muitos dias sinto saudades tuas... No outro dia sonhei contigo. Foi um sonho confuso, em que não percebi muita coisa. Mas soube-me tão bem voltar a partilhar o mesmo espaço contigo! Sim, porque estavas lá e sorrias para mim. Mas todos os dias sorris para mim. Posso não ver o teu sorriso mas sinto-o. E hoje, apeteceu-me falar de ti.
As lágrimas escorrem enquanto escrevo, mas não importa, porque são lágrimas de saudade e de felicidade. Não são todas as pessoas que vivem uma história como a nossa! Partiste cedo, tornaste-te um mito. Mas para mim, continuas a ser tão real.
No outro dia, mais um dia, fui ao centro comercial buscar uma mala. Entrei por uma porta que raramente utilizo. De repente, lembrei-me. Quantas vezes namorámos ao pé daquele porta! Escondidos dos olhares indiscretos. Eras só tu e eu, com o que de mais puro aquela idade nos podia proporcionar. Ao lembrar-me das coisas que me dizias e dos gestos que tinhas, sei que gostaste de mim como mais ninguém gostará. E eu gostei de ti como já não se gosta. A vida levou-nos por caminhos diferentes mas sempre partilhámos a mesma raiz, aquela essência que é para a vida inteira. E isso enche-me de alegria, porque foi um privilégio ser amada dessa maneira, tão única e especial. Quem ouve a nossa história ri-se. De facto, dava um livro! Talvez um dia o escreva. Já não o vais ler. Mas o que é que isso importa? Um dia, vou-te segredar ao ouvido a história que não leste e as tantas histórias que não viveste... Um dia, de novo, vou-te abraçar.
Para sempre
P.S. Tenho mesmo saudades tuas...

terça-feira, 16 de outubro de 2007

"Agarra-me esta noite"




Hoje, quero-te! Como nunca quis ninguém...




Olhas para mim, com aquele olhar que me despe e que não me deixa dúvidas. Frente a frente sabes enfrentar-me. Desta vez, não tens medo. Ficas. Estou imóvel, sem pensar em mais nada senão neste momento tão repentino...tão profundo.


Agora não tenho só o teu corpo. Dás-me a alma.


Passo as minhas mãos pelo teu tronco nú...sem medo...


Vejo os olhos e sinto-te sem presas. Abraças-me com aquela força de quem sabe que amanhã já não estarei ali. Mas o que é que isso importa? Agora estou... And I'm feeling good...


Danças comigo ao som de uma música imaginária. Em movimentos lânguidos, prendes-me. As tuas mãos circulam pelo meu "eu". Beijo-te os lábios quentes. Sei que és meu. Sabes que não sou tua. Mais uma vez, isso não importa. Cheguei onde queria. Já não quero saber o que pensas ou o que queres. O tempo é meu, eu sou minha, finalmente. Mas quero-te, daquela forma animal. Uma noite para a vida inteira. Só te quero esta noite.




Por isso te digo, "agarra-me esta noite", cause I'm feeling good...

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Como quem nos lê a alma


"Queres saber quem sou? Eu sou o que te olha e espia para te colher e depois guardar num lugar que é só meu. Para isso serve o papel. O resto não precisas de saber. Nem convém. Só te ia idtrair, podes crer. Eu sou o que mergulha as mãos na tua vida para sentir a minha a voltar. (...)


"Não, do que tu gostas mais em mim é dos meus pecados, dos meus defeitos físicos, de tudo o que não consigo ser, onde falhei, onde não pára nunca de doer, é isso que tu amas em mim. Será isso? Será assim? Será possível pela primeira vez? Pode ser, talvez seja disso feito o nosso amor. Pelo menos grande parte, meu querido, amor meu".


Pedro Paixão, Muito, Meu Amor

"Pedro lembrando Inês"




Aqui fica um poema de um dos melhores poetas contemporâneos, Nuno Júdice (na minha humilde opinião)...



Em quem pensar, agora, senão em ti? Tu, que
me esvaziaste de coisas incertas, e trouxeste a
manhã da minha noite. É verdade que te podia
dizer: "Como é mais fácil deixar que as coisas
não mudem, sermos o que sempre fomos, mudarmos
apenas dentro de nós próprios? "Mas ensinaste-me
a sermos dois; e a ser contigo aquilo que sou,
até sermos um apenas no amor que nos une,
contra a solidão que nos divide. Mas é isto o amor:
ver-te mesmo quando te não vejo, ouvir a tua
voz que abre as fontes de todos os rios, mesmo
esse que mal corria quando por ele passámos,
subindo a margem em que descobri o sentido de irmos contra o tempo, para ganhar o tempo
que o tempo nos rouba. Como gosto, meu amor,
de chegar antes de ti para te ver chegar: com
a surpresa dos teus cabelos, e o teu rosto de água
fresca que eu bebo, com esta sede que não passa. Tu:
a primavera luminosa da minha expectativa,
a mais certa certeza de que gosto de ti, como
gostas de mim, até ao fundo do mundo que me deste.

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Depois da saudade...

Há momentos na nossa vida em que somos obrigados a sentir o que de mais profundo há em nós: a dor, a perda, a morte... Nada é mais certo e nada é mais doloroso. A saudade marca pontos, o típico "porquê?", que nunca dá uma resposta, é perguntado vezes sem conta. Talvez seja uma questão de egoísmo... Queríamos ter aquela pessoa junto a nós, não queríamos ter de dizer "adeus" assim tão prematura e inesperadamente... Por mais que tentemos entender o que há para além de, as respostas não chegam. Temos as nossas crenças mas é tudo uma questão de fé. E esta incerteza é que corrói por dentro... Mas não há outro remédio que não deixarmos partir aquilo que já é eterno... Fica a memória e o amor. Será que no "para além de", quem parte, sente o amor que deixou cá deste lado? Será que o amor incondicional, aquele que sentimos por tão poucas pessoas ao longo da nossa vida, é mais forte do que as barreiras metafísicas? Tudo isto me parece muito estranho... Mas são os pensamentos que me têm habitado a mente...
Também é nestas ocasiões trágicas, brutais, de uma dor cruel que nos questionamos sobre os nossos propósitos na vida... Muitas vezes é na mais profunda dor que nos encontramos com o nosso "eu", com o que de mais verdadeiro e sentido há em nós... E tudo isto vem ao mesmo tempo e entra sem pedir licença.

Enfim... Sempre acreditei que "para além de" é uma continuação do que cá vivemos, em outros termos, com outras capacidades. Chamamos-lhe o "Paraíso"... O que é? Ninguém sabe... Até o dia em que nós próprios vamos "para além de"...

terça-feira, 24 de julho de 2007

Mais uma sugestão literária...


Já li este livro há uns meses mas rapidamente conquistou um dos lugares cimeiros no meu "Top Literário".

Travessuras da Menina Má, de Mario Vargas Llosa. É simplesmente um livro apaixonante. Um homem preso a uma mulher, um amor fugidio durante toda a vida, que nunca deixou de estar presente mas que nunca lhe pertenceu. A alma de um homem angustiado que se tenta desprender da "menina má" é desvendada entre diálogos maravilhosos e descrições onde o leitor é transportado para cada cena. É um livro intimista, que nos apaixona desde a primeira página. Muitas páginas por descobrir... É da Dom Quixote.

Ser solteira ou comprometida?


Ultimamente tenho sido a "psicóloga" de alguns amigos meus. Uns que namoram, outros que não, alguns mais sofredores e com tendência para o fatalismo do que outros. E interrogo-me? Somos mais autênticos quando namoramos ou quando estamos sozinhos?


De forma geral, considero que, como seres sociais que somos, procuramos sempre um parceiro, um companheiro, um amor... Mas a panóplia de experiências neste mundo cada vez mais segmentizado mostra que há pessoas que gostam de estar sozinhas ou que genuinamente não conseguem manter uma relação monogâmica duradoura.


Pessoalmente, sempre me vi a partilhar a vida com alguém. Mas a coisa não se tem revelado fácil. Expectativas, desiluções fazem-nos muitas vezes pensar que somos mais felizes sozinhos. Eu sempre senti uma coisa que, me parece, não é assim tão incomum nos namoros: sempre que namoro, e quando a relação já tem algum tempo, sinto que sufoco, que estagnei a minha aprendizagem como pessoa. Talvez tenha sido simplesmente fobia da monotonia. Mas não creio... A monotonia (apesar de ser detestada por tantas pessoas) faz parte de qualquer relação. A essência do ser humano está embuída de hábitos importantes. Todos nós precisamos de regras e de rotinas...


Há pessoas que acham "chato" não ter namorado, porque ficam sem companhia para ir sair, para ir ao cinema, para essas actividades que socialmente não são encaradas como "actividades solitárias". Apesar de ser verdade para muitas pessoas, nunca quis acomodar-me a essa verdade confortável. Ou as coisas são reais ou não valem a pena! Isto na minha perspectiva!


Solteiros ou comprometidos...Penso que depende de cada um...Ou melhor da experiência de cada um, porque todos nós acreditamos nisso até nos corromperem os sonhos...


Ou não é verdade?


terça-feira, 10 de julho de 2007

Às vezes até me farto...


Ocorreu-me escrever este post depois de um pensamento algo inédito na minha pessoa: às vezes canso-me de mim própria. Sei lá... Há dias em que me apetece ser uma pessoa completamente diferente. Não é que não goste de mim. Apesar de ser invadida por alguns períodos em que a minha auto-estima não é a melhor, gosto bastante da mulher em que me tornei (seja ela quem for). Mas há dias em que me apetecia ser uma pessoa diferente. Ter mais paciência para certas pessoas, não sentir o pânico que sinto quando tenho de conduzir (basicamente todos os dias), ser mais radical, não ser preguiçosa, arriscar mais... Às vezes aborreço-me comigo própria. Será que mais ninguém sente isso? Pelo menos nunca nenhum dos meus amigos me disse algo do género, apesar de alguns quererem a todo o custo livrarem-se de certos aspectos de personalidade que só lhes atrapalham a vida.


Enfim...Hoje aborreci-me comigo própria... Só espero que amanhã já não seja assim, porque "eu" sou uma companhia que não posso despensar!


Mas para os amigos mais preocupados: não estou com nenhuma crise e gosto muito de mim!!!


segunda-feira, 9 de julho de 2007

"Fazes-me falta"


Comecei a ler um livro que me tem prendido desde a primeira página. Fazes-me Falta, de Inês Pedrosa. É um livro forte, onde as emoções são desnudadas de qualquer orgulho ou lugares comuns. Em forma de cartas, constrói-se um diálogo entre duas pessoas, uma que morreu e outra que vive a cada dia a saudade de quem já não está fisicamente perto, mas que continua presente. Nestas cartas, as coisas que ficaram por dizer são escritas com a esperança de que quem está do outro lado possa compreender os silêncios que, em vida, foram estabelecidos.


Fiquei a pensar nas inúmeras coisas que deixamos por dizer a determinadas pessoas. De facto, tenho imensas coisas por dizer a algumas pessoas. Mas o orgulho, ou mesmo o tempo, são desculpas mais do que suficientes para deixar as coisas inacabas. Cobardia? Acho que sim. O medo de nos expormos torna-se, em algumas situações, sufocante. Todos nós temos os nossos "esqueletos no armário". Penso que a total liberdade só é gozada quando nos sentimos em paz, com tudo resolvido. Mas a minha questão é: "Será que alguém sente isso?". Penso que não...


Mas esta questão e muitas outras surgem naturalmente com a leitura deste livro sincero e profundo. Não resisti e já sublinhei várias frases que, os protagonistas sem nome, vão dizendo um ao outro. E é tão bom quando um livro nos arrebata desta maneira!


Aqui fica a sugestão... Um livro que nos "obriga" a olhar para dentro e a desvendar alguns dos nossos medos, que, muitas vezes, nem sabemos que os temos.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

À procura de...


Em tempos conturbados procura-se sempre por calma, serenidade...Em tempos de encontro procura-se a emoção, a veracidade das coisas... Mas é quando não andamos à procura de nada que encontramos as surpresas mais surpreendentes que a vida nos tem para oferecer. Às vezes pensamos que a vida é sempre igual, que nada acontece. Mas muitas vezes andamos é de olhos fechados...pouco disponíveis para o que vier, porque só estamos centrados naquilo que idealizamos, naquilo que julgamos querer.


Ultimamente, tenho andado assim... Não faço grandes planos e depois...surpresas...e agradáveis... Basta abrirmos os olhos para ver que, de facto, pode ser um "sunshining day" todos os dias...Claro que isto é um cliché, mas em muitas situações não deixa de ser verdade (por isso se tornou um cliché).


Ando a surpreender-me...

Lá isso é verdade...

Nas coisas mais impensáveis...nas pessoas menos prováveis...agradáveis conversas, onde o "quem sabe?" volta a surgir na minha mente... E o "quem sabe?" há tanto tempo que não aparecia...Eu não lhe dava muito espaço, porque tinha as minhas ideias pré-concebidas...


Let it go... Mais uma máxima de Alice...


(muitas reticências coloco eu!)

quarta-feira, 20 de junho de 2007


Há tanto tempo que não me passeava por estas páginas... Sem dúvida nenhuma que este período de ausência foi importante. Vitórias conseguidas e um turbilhão de fantasmas que já vão perdendo o fôlego e me deixam. Outros ainda permanecem...


Mas quem é que não tem os seus medos e as suas lutas mais difíceis? Mas a princesa Alice anda a aprender a ouvir-se. Por que é que é tão difícil conhecermo-nos a nós mesmos? Muito regularmente sou invadida pela sensação de que não sei muito bem quem sou...


A Oprah diz que se encontrou quando tinha quarenta e poucos anos. Ainda me falta tanto! Mas gostava de perceber como é que distinguimos o nosso verdadeiro "eu" das coisas mecanizadas e pouco reflectidas que vamos fazendo no dia-a-dia.


Mas agora pergunto-me: Não serão também essas coisas parte de nós? Não sei, não sei... Mas gosto desta fase mais reflectiva em que me encontro. A minha antiga instrutora de yoga diz que, muitas vezes, temos medo de olhar para dentro. E que quando analisamos as nossas acções não o fazemos com a profundidade necessária... Será verdade, com certeza. Mas o pior não é ter medo e sim não saber como é que se "olha para dentro"! Pode parecer a coisa mais estúpida mas, para mim, isso não é fácil.


Sugestões?

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Efectivamente já somos adultos...


Há uns dias soube que uma amiga minha de infância, a minha querida Rita, vai casar. Apesar de a rapariga namorar já há uns 5 anos, não pude deixar de sentir aquele espanto de quem de repente olha à sua volta e percebe que efectivamente a idade adulta já chegou! Penso que o primeiro casamento de um amigo da nossa idade, a quem caíram os dentes de leite na mesma altura do que a nós, marca sempre.


A corrida já teve início... Agora são uns a seguir aos outros...


Qualquer dia olhamos para o lado e já estamos a mudar fraldas. De facto, a partir dos 20, tudo é a correr.


Mas aqui ficam os meus parabéns à Ritinha, que com certeza, vai ser feliz...


Dia 11 de Agosto lá estaremos de lenço de papel e a falar sobre a nossa primária...

É tão bom ter amigos que nos conhecem desde sempre...

terça-feira, 15 de maio de 2007

I just miss it...


"Your Embrace"


Tell me, what's the use

Of a twenty-four inch waist

If you don't touch me?

Tell me, what's the use again

Of being on TV every day

If you don't watch me?

This house is full of emptiness

My closet's full of dresses

That I'll never wear

My life is full of people

But you're my only friend

My best friend


Hope it isn't too late

To say "I love you"

Hope it isn't too late to say

That without you this place looks like London

It rains every day

Don't you know it, babe

I'm only half a body

Without your embrace


Let me tell you why

My heart is an unfurnished room

Any suggestions?

Don't have to tell you more than that'

Cause no one knows me like you do

Without exception

This house is full of emptiness

My closet's full of dresses

That I'll never wear

My life is full of people

But you're my only friend

My best friend


Hope it isn't too late

To say "I love you"

I hope it isn't too late to say

That without you this place looks like London

It rains every day

Don't you know it, babe

I'm only half a body

Without your embrace


Hope it isn't too lateTo say "I love you"

Hope it isn't too late to say

That without you this place looks like London

It rains every day

Don't you know it, babe

I'm only half a body

Without your embrace

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Quando tudo acontece ao mesmo tempo


Sabem quando tudo acontece na vida ao mesmo tempo e nem temos tempo para perceber o que é que está a acontecer? A princesa Alice anda assim... A precisar de tempo para se auto-analisar.


Mas hoje em dia quem é que tem tempo para alguma coisa?


Às vezes, gostava de ser mais serena em relação à vida. Tudo é sério e definitivo, penso. Mas não gostava de pensar assim. Mas isto de mudar é extremamente complicado...


Portanto, "serenar" é a palavra que se procura colocar em prática nos dias que correm. Só quero que chegue definitivamente o sol. (Isto não tem nada que ver com nada, mas sinto saudades de ir à praia). E tempo para isso?

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Plácido Domingo no Atlântico - UAUAUAUA!!!


Há espectáculos que, de facto, são fora do comum. Ontem, Plácido Domingo actuou no Atlântico. E o senhor, com 66 anos, tem uma voz e uma postura em palco que deixa qualquer pessoa, mesmo quem não percebe nada de ópera, completamente extasiada. Como estava em trabalho não consegui ver o concerto todo, mas do que vi, o tenor espanhol foi um espanto. Tive pena de que houvesse tantos lugares vazios no Atlântico, mas o preço dos bilhetes também não era convidativo.


Mas aqui fica a nota. O senhor pode não ter cantado no dia 21 de Abril, mas redimiu-se em grande estilo!


Ele vai voltar a Portugal, por isso é aproveitar para a próxima.

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Mais uma sugestão...

Pintura, na Casa Mantero, em Sintra.

Exposição "Intimidades"; trabalho conjunto de Patrícia d´Orey e Rita Fernandes.

Em 17 obras, o quaotidiano é posto a nu. A intimidade de cada gesto é valorizada pelas pintoras e cada interpretação é introduzida pelos títulos dados pelas próprias e por José Luís Peixoto.

A sensualidade feminina, o corpo desnudado de complexos, a beleza sem rosto, onde a lingerie dá forma às pinceladas, são apresentados de forma elegante e glamourosa.

Gostei. É imaginativo, simples e fala da Intimidade pintada nas telas, retirada directamente da vida.

A princesa Alice sugere...



Isto de ser jornalista é de facto um privilégio... Claro que há dias em que não se pensa assim...Mas na maior parte das vezes damos por nós a conhecer pessoas muito interessantes e universos que só nos chegam pelas revistas ou pela televisão.


Recentemente, e em trabalho, tive a oportunidade de conhecer uma das pessoas que mais admiro, tanto pela profissional que é, bem como pelos valores que publicamente e tão bem defende. Laurinda Alves.


Na terça-feira, esta jornalista apresentou o seu mais recente livro: Atitude Xis. Mais uma compilação de crónicas que todos os sábados a já não existente revista Xis trazia. Ao ler-se estes pequenos textos fica-se com a vontade de aproveitar o melhor da vida e percebe-se que muitas vezes não apreciamos o que de melhor as pequenas coisas têm para nos oferecer. Muitos acham que a Laurinda Alves escreve só sobre lugares comuns... Não concordo. Ela escreve sobre o que na maior parte das vezes ignoramos. Escreve com simplicidade, sem arrogâncias e falsas modéstias. Escreve para ela e partilha com os outros o que pensa. E ainda bem. A mim, faz-me pensar e sem dúvida que esta mulher vive aquilo que pensa: "Melhor é sempre possível".


Que venha mais, muito mais "pequenos textos" que nos ajudam a olhar para a vida com uma atitude Xis!

segunda-feira, 26 de março de 2007

"Quando o amor morrer dentro de ti"


Quando o amor morrer dentro de ti,

Caminha para o alto onde haja espaço,

E com o silêncio outrora pressentido

Molda em duas colunas os teus braços.

Relembra a confusão dos pensamentos,

E neles ateia o fogo adormecido

Que uma vez, sonho de amor, teu peito ferido

Espalhou generoso aos quatro ventos.

Aos que passarem dá-lhes o abrigo

E o nocturno calor que se debruça

Sobre as faces brilhantes de soluços.

E se ninguém vier, ergue o sudário

Que mil saudosas lágrimas velaram;

Desfralda na tua alma o inventário

Do templo onde a vida ora de bruços

A Deus e aos sonhos que gelaram.


Ruy Cinatti

Ainda a propósito do "Grande Português"


Mal soube da possibilidade de Salazar ser eleito o maior português de sempre (que tristeza...se ele ainda concorresse com Hitler, Estaline ou Mao-Tsé Tung... Agora com Aristedes de Sousa Mendes, Fernando Pessoa, Camões, Vasco da Gama, Infante D. Henrique, D. Afonso Henriques... enfim), lembrei-me de uma obra que já li há algum tempo mas que me parece mais actual do que nunca (também só foi editado em 2004, por isso seria sempre actual). Mas dada a conjuntura parece-me que não nos fazia mal nenhum que este livro passasse a constar dos manuais de Filosofia do secundário. Falo de O Medo de Existir, de José Gil. Como antetítulo, este livro tem Portugal, Hoje. Parece-me que a conjunção dos dois não podia ser melhor para definir muito da maneira colectiva de Portugal se pensar como país. Com esta afirmação não quero de forma nenhuma mostrar desdém pelo meu país, que adoro e que acho que tem enormes potencialidades! Mas o amor à pátria não nos pode cegar, impedindo de ver aquilo em que não somos bons ou autênticos. E ao votar-se em Salazar penso que esta "cegueira" levou a melhor.


Voltando ao livro... Nesta obra, José Gil faz uma análise dos vários aspectos que caracterizam a atitude de Portugal e dos portugueses perante o mundo e a vida de todos os dias. Sem arrogância e sempre com argumentos muito bem analisados, José Gil fala desta nossa pequenez e deste nosso medo de ir mais além; aborda também a mesquinhez que se nota no quotidiano, seja nas atitudes profissionais como pessoais. É uma reflexão que para além de nos colocar sobre o país que temos e a pátria que queremos, impõe-nos igualmente uma análise das nossas atitudes individuais e da importância que podem ter ou não para a construção de um país melhor.


Há uma parte em particular que me chamou a atenção para esta questão da "idolatria" ao salazarismo. Passo a citar:


"O 25 de Abril recusou-se, de um modo completamente diferente, a inscrever no real os 48 anos de autoritarismo salazarista. Não houve julgamentos de Pides nem de responsáveis do antigo regime. Pelo contrário, um imenso perdão recobriu com um véu a realidade repressiva, castradora, humilhante de onde provínhamos. Como se a exaltação afirmativa da «Revolução» pudesse varrer, de uma penada, esse passado negro. Assim se obliterou das consciências e da vida a guerra colonial, as vexações, os crimes, a cultura do medo e da pequenez medíocre que o salazarismo engendrou. Mas não se constrói um «branco» (psíquico ou histórico), não se elimina o real e as forças que o produzem, sem que reapareçam aqui e ali, os mesmos ou outros estigmas que testemunham o que se quis apagar e que insiste em permanecer. (...)


Num outro aspecto ainda, a não-inscrição parece mais grave por não se ter liquidado a si própria, já que a herdámos também do salazarismo. Se, num certo sentido, se disse até há pouco (hoje diz-se menos) que «nada mudou» apesar das liberdades conquistadas, é porque muito se herdou e se mantém das antigas inércias e mentalidades da época da ditadura: desde o medo, que sobrevive com outras formas, à «irresponsabilidade» que predomina ainda nos comportamentos dos portugueses.


Com efeito, no tempo de Salazar «nada acontecia» por excelencência. Atolada num mal difuso e omnipresente, a existência individual não chegava sequer a vir à tona da vida." (Gil, 2004: 16-17)


Interessante, não?

A princesa Alice sugere...


Dot.com, o novo filme de Luís Galvão Teles.

A antestreia aconteceu em Dornes, a aldeia onde foi rodado o filme e que é um pequeno paraíso em Portugal. Eu nem sou muito dada às coisas de campo. Mas é impossível não sentir a mágica de Dornes, com o rio Zêzere a banhar aquelas terras...


O filme consegue captar essa magia. O filme baseia-se numa aldeia, cujo nome "Águas Altas" é reclamado por uma multinacional espanhola que quer ser líder no mercado ibérico com as suas garrafas de água. O problema é que o www.aguasaltas.com já é o site da pequena aldeia. Instala-se uma guerra que envolve todos e mais alguns! É a salganhada, portanto.

O filme está muito bem feito. A simplicidade impera nos planos e nos diálogos, bem como a genuinidade daquela gente lá da terra. Por isto, penso que este filme acrescenta algo ao cinema português. Não tem sexo para vender nem tem aqueles planos estranhos para que os que os realizam sejam considerados "muito à frente".


Gostei. Gostei do filme, da simpatia de Luís Galvão Teles e de Dornes!

Algumas impressões

De volta a este blog! Já tinha algumas saudades de escrever para este espaço que apesar de estar na net, e portanto aberto para o mundo, não deixa de ser meu e de mais uns poucos que gostam de ler as patetices que me lembro de escrever.
Há uns dias dei por mim a pensar por que é que continuava com este blog. Não o acho muito interessante, acho que as coisas que escrevo não têm muita piada, não é um diário (o confessionismo cibernético faz-me alguma confusão)... A bela da conclusão é só uma: porque gosto. O que mais me agrada nesta actividade bloguista é pensar nos temas que vou escolher, no que é que vou escrever... Mantém o cérebro ocupado e eu gosto de pensar e de exercitar os neurónios (ao contrário de algumas personagens que agora habitam mais um espaço na televisão, mais lixo televisivo, portanto).

Outra impressão que não posso deixar de escrever (quer dizer, posso não escrever, mas apetece-me) é sobre o "Grande Português" António de Oliveira Salazar. Apesar de já estar à espera do resultado não deixei de ficar estupefacta! Eu não vivi o salazarismo mas estudei-o e já ouvi muitos relatos daqueles tempos horríveis de pobreza, censura, mentes mesquinhas, analfabetismo... Podem dar as razões que quiserem para o facto de Salazar ter ganho: voto de protesto, descontentamento, anseio por uma política estável, mais segurança nas ruas, voto útil para não ganhar o Cunhal... Enfim... Mas o facto é que Salazar foi o mais votado! E tenho sérias dúvidas em acreditar que foram só os nazis e grupos de extrema-direita que votaram no senhor que caiu da cadeira! Esta votação revela muito do Portugal que temos hoje: um país que tem medo de andar para a frente e de enfrentar os desafios da globalização no mundo altamente competitivo. É um bocadinho triste pensar que já fomos a vanguarda e que hoje somos um país saudosista de um ditador que queria que o seu povo fosse analfabeto...

segunda-feira, 5 de março de 2007

"Inferno"


"Risquei com raiva o teu número de telefone da minha agenda. Deito-me e começo a repetir em silêncio o teu número de telefone, não consigo deixar de o dizer, como se esquecê-lo fosse a única coisa que pudesse derrotar a minha consciência por inteiro. Um número tão poderoso que sem ele a minha vida corre o risco de se desfazer, de se perder sem nunca mais voltar a encontrar-se. Como se estivesse condenado a repeti-lo até ao fim dos dias, como castigo de te querer como te quero, por maldição. Quero parar este inferno e não consigo. Por fim, exausto, esqueço-me de mim, de ti, de tudo, durante alguns minutos e depois recomeço. O teu número de telefone que me amarra a este mundo de que quero fugir".



Pedro Paixão, Amor Portátil

Mais de Pedro Paixão

"Podemos começar por qualquer lado que tanto faz. Havemos de chegar lá. Não me perguntes onde. Quando chegarmos saberás. Agora é cedo para perguntar. Ouve só".


Pedro Paixão, Muito, meu Amor

sexta-feira, 2 de março de 2007

A princesa Alice sugere...


A peça de teatro Monstros às Escuras, com Filipe Crawford e Rui Paulo.

Uma peça de humor muito bem construída, onde as gargalhadas são conseguidas de forma inteligente e com assuntos fora do comum. Rui Paulo tem uma performance 5 estrelas!

Está em cena no Teatro Armando Cortez, na Casa do Artista.

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

"Determinação precoce" e "conversas culturais"

Enquanto fazia o habitual zapping a horas tardias, a princesa Alice encontrou uma das pérolas da actual programação televisiva que temos, o programa Câmara Clara. Entre "conversas culturais" pode-se ter acesso aos melhores comentários sobre a relação do ser humano com as artes. Há três semanas, a escritora Inês Pedrosa foi uma das convidadas. Partir de Portugal para se fazer arte, o cosmopolitismo da escrita, a necessidade de se ir mais além foram alguns dos temas abordados nas "conversas culturais". A certa altura, Inês afirma que, como ela, algumas pessoas têm uma "determinação precoce" no que diz respeito à "profissão" que terão no futuro. Ela sempre quis ser escritora. Sempre soube que o seria (e ainda bem, porque as crónicas dela no Expresso levam-me sempre a gostar do que leio).
Fiquei a pensar se a princesa Alice demonstrou ou não alguma "determinação precoce". O que não pode ser confundido com teimosia. No caso da princesa Alice a dúvida permanece... "Determinação precoce", teimosia ou perfeccionismo? Hum... Lá teremos nós de pensar mais um bocado nisto da "determinação precoce".
P.S. "Conversas culturais" está entre aspas, porque sinceramente não considero que falar-se de assuntos que nos levam a olhar para dentro e para a nossa relação com o mundo seja uma actividade cultural...Pelo menos no sentido elitista do termo.

O Mr. Big da vida de todas nós...


Enquanto a princesa Alice via mais um dos episódios do Sexo e a Cidade, chegou a uma conclusão: todas as mulheres têm um Mr. Big na vida! O Mr. Big é aquele homem pelo qual nos apaixonámos um dia, com o qual nos envolvemos e que mais tarde acabou. Aqui o problema (com os Mr. Big) é que o "acabar" torna-se um círculo vicioso. Hoje está tudo acabado e passado uns meses... Voilá! Il est ici! E depois aparece nas alturas mais inesperadas. Nós, mulheres, que tentamos sempre pensar como eles mas acabamos sempre a sentir como nós, dizemos que não, que não dá, que já tentámos... Mas depois o ar sexy, as boas recordações e a presença arrebatadora do Mr. Big leva sempre a melhor. E isto enerva! Porque se a sensação de se ter alguém que nos olha de uma forma especial como não olha para mais nenhuma mulher (pelo menos é o que os Mr. Big dizem), é óptima, não ter certezas de nada e já se estar cansada de uma história que nunca mais tem fim, é mau e não nos leva a lado nenhum! Agora, por que é que nos metemos sempre nestes jogos é que eu não sei!


A Carrie já tinha o seu pintor de sonho. Um homem culto, que estava disposto a ficar com ela. Mas o Mr. Big apareceu. E a pobre rapariga, que já estava de malas prontas para ir para Paris viver com o seu pintor, ficou na dúvida. Ela foi para Paris mas o Mr. Big foi atrás dela e as evidências para não se fechar um capítulo que já dura na sua vida há seis anos falaram mais alto.


Os Mr. Big podem não estar sempre presentes, mas parece que estão sempre à espreita...A rondar...À espera.

Se não desistem de uma mulher é porque se calhar até gostam dela. Mas às vezes a forma como gostam não chega.


A princesa Alice já resolveu a situação do seu Mr. Big. Agora só se espera que esta resolução não seja um "até qualquer dia". Pelo menos na qualidade de Mr. Big!

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

"Adeus" (um dos poemas preferidos de Alice)

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinasem esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.

Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus.


Eugénio de Andrade

"Poema melancólico a não sei que mulher"


Dei-te os dias, as horas e os minutos
Destes anos de vida que passaram;
Nos meus versos ficaram
Imagens que são máscaras anónimas
Do teu rosto proibido;
A fome insatifeita que senti
Era de ti,
Fome do instinto que não foi ouvido.

Agora retrocedo, leio os vrsos,
Conto as desilusões no rol do coração,
Recordo o pesadelo dos desejos,
Olho o deserto humano desolado,
E pergunto porquê, por que razão
Nas dunas do teu peito o vento passa
Sem tropeçar na graça
Do mais leve sinal da minha mão...


Miguel Torga

"Quanto, quanto me queres? - perguntaste"

"Quanto, quanto me queres? - perguntaste
Numa voz de lamento diluída;
E quando nos meus olhos demoraste
A luz dos teus senti aluz da vida.

Nas tuas mãos as minhas apertaste;
Lá fora da luz do Sol já combalida
Era um sorriso aberto num contraste
Com a sombra da posse proibida...

Beijámo-nos, então, a latejar
No infinito e pálido vaivém
Dos corpos que se entregam sem pensar...

Não perguntes, não sei - não sei dizer:
Um grande amor só se avalia bem
Depois de se perder.

António Botto

"Volúpia"


No divino impudor da mocidade,
Nesse êxtase pagão que vence a sorte,
Num frémito vibrante de ansiedade,
Dou-te o meu corpo prometido à morte!

A sombra entre a mentira e a verdade...
A núvem que arrastou o vento norte...
- Meu corpo! Trago nele um vinho forte:
Meus beijos de volúpia e de maldade!

Trago dálias vermelhas no regaço...
São os dedos do sol quando te abraço,
Cravados no teu peito como lanças!

E do meu corpo os leves arabescos
Vão-te envolvendo em círculos dantescos
Felinamente, em voluptuosas danças...


Florbela Espanca

A princesa Alice encontrou...


Cibelle. Hoje actua no Santiago Alquimista. Oiçam, porque a menina sabe cantar e traz uma lufada de ar fresco à música no feminino. Gosto.

Pequenos luxos






Os relógios começam a ser uma fraqueza. Mas estes são fantásticos, não são?

Só me apetece...

Gritar até não ter mais voz.

Sabem quando estão tão eufóricos que só apetece gritar ao mundo: "Aqui eu sou feliz!!!!"

A princesa Alice está, como se diz lá pelas noites académicas de Faro, "para lá de contente!"

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

Ai, ai...

Com o coração apertadinho.... Com medo, ansiedade e com o inevitável friozinho no estômago...

Quando os sonhos chegam, ficamos assim... à espera da sua derradeira concretização...

terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

"Assim que te despes"


Para a princesa Sílvia que me levou a descobrir o fado de Cristina Branco



Assim que te despes


In Corpo Iluminado XX



Assim que te despes

As próprias cortinas

Ficam boquiabertas

Sobre a luz do dia

Os teus olhos pedem

Mas boca exige

Que te inunde as pernas

Toda a luz do dia

Até o teu sexo

Que negro citila

Mais e mais desperta

Para a luz do dia

E a noite percebe

Ao ver-te despido

O grande mistério

Que há na luz do dia



David Mourão Ferreira

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Hoje...

Só me apetece dizer "gosto tudo de si"...

Presa à meloncolia da chuva que oiço lá fora....

"Príncipe"

Katie Holmes



Desejei-te ontem, de mais, e hoje também. Todos os dias são o mesmo dia quando te desejo assim. Só penso em ti. És inagualável. De olhos fechados consigo encontrar-te noutros corpos, mas só o teu amo de olhos abertos. Amo-te de mais. Dormi agarrada à camisola de que te esqueceste. Ela ainda tem o teu cheiro. Vou guardá-la numa caixa para continuar perfumada. Não te a darei de volta. Não peço o teu amor. De ti não exijo nada. Mas nunca me digas que o amor é impossível. Tu fazes-me viver, sonhar, acordar com pesadelos. Tu és o meu diamante solitário e entre nós não há qualquer contrato. Quando te escrevo tu não foges das minhas páginas. Quando te escrevo tu ressuscitas a minha alma. Acompanho o teu sorriso de longe e de perto, meu príncipe das trevas, lindo. Guardo comigo o teu olhar e sei que te recordas do meu corpo a tentar convercer-te que o meu amor é inteiro, embora nunca o seja o bastante. É bom desconfiar do amor porque ele às vezes é traiçoeiro, metamorfoseia-se em reles sentimentos, eras tu que mo dizias. Eu não concordo. Desculpa-me, príncipe, o ter-te acordado hoje tão cedo. Tu sabes que não uso relógio. Só sei se é dia, se é noite. Tu sabes que eu sou uma apaixonada. Perdoa-me. Diz qualquer coisa logo que possas. Sinto saudades, é só. Não existe corpo, não existe face, não existe sexo e existe tudo isso. Só o amor é imortal, acredita.
Pedro Paixão, Asfixia

"Recado escrito num papel rosa"


Não fugi.

Fui só às compras.

Não sei porque não fujo, talvez porque não posso.

Não sei porque não volto. Talvez porque precise.

Espera por mim que eu volto, enquanto puder.

Mas quando eu fugir, vai atrás de mim

e faz-me sentir amada.


Pedro Paixão, Asfixia

Para o poeta fingidor


Caro poeta fingidor,


Como a princesa Alice não quer que lhe falte nada, aqui fica uma fotografia da grande personagem Miranda, da série o Sexo e a Cidade.

Assim, já tem o destaque que anteriormente não lhe foi dado. É assim, uma pessoa esquece-se das coisas. É a idade...


Assim já está melhor ou falta alguma coisinha?

Diga lá, porque no reino de Alice não pode faltar nada aos seus compatriotas!

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Hoje, Alice anda à procura de...


Deixar para trás este frio na barriga, que ainda teima em se fazer sentir sempre que apareces assim, sem anunciar a chegada.

Esperar que o tempo leve aquilo que a vida quer guardar.

Não dar a conhecer a dor de se querer algo que se abandona, porque é assim mesmo... Há coisas que se têm de perder para nunca mais serem encontradas.


Que já não querem ser encontradas. Um olhar cúmplice, uma entrega que em tempos foi sincera, uma esperança que se desvaneceu, uma frustação que foi cumprida, uma saudade que queima a alma, uma ausência que se faz presente. Relíquias de um imaginário vivido, lá ao longe, num dia de chuva, onde o fim pernoitava às escuras, ali perto.

Mas que horas depois, acordou.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Um blog à Sexo e a Cidade


Na opinião dos amigos da princesa Alice, este blog reflecte a alma feminina e citadina que há na Alice. É um blog que os diverte, dizem.


Por cá vai-se continuar a falar de coisas banais mas que mexem com todos nós (pelo menos com o nosso lado feminino).


Ao menos que os divirta!


A ver se a princesa Alice utiliza os seus conhecimentos profissionais e começa a falar de jornalismo e do que se passa no mundo. Por enquanto é só o "seu mundo" que é posto a descoberto.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

Hoje, Alice anda à procura de...


Não sentir tanta adrenalina sempre que vai para uma auto-estrada. Mesmo não pasaando dos 110 Km/h parece que se está a andar numa montanha russa!


Mas isto da condução anda muito melhor!


Pelo menos mais nenhuma rotunda foi galgada!

Momentos de prazer...


A princesa Alice adora este quadro de Van Gogh!


Há poucas coisas como a Arte para elevar os sentidos a um estado de contemplação.


Apesar de a princesa Alice se interessar por pintura, o seu conhecimento é parco nesta matéria (e em muitas outras). Mas, de qualquer maneira, o que considera importante na Arte é a capacidade que esta tem para nos transmitir sentimentos.


Este quadro deixa a princesa Alice bem disposta. Lembra-lhe uma qualquer noite de Verão numa esplanada em Lisboa.


Ainda em relação ao referendo

Caro P.R.,

Não se trata de condenar, apesar de as leis servirem para regular valores e atitudes. Quem mata, quem rouba vai preso. Votar "não" (e relembro que muitos vão votar "não", não por causa da despenalização mas sim da liberalização) é dar mais alternativas, mais escolhas. E penso que ter escolhas numa sociedade democrática não é ser-se juiz moral. Porque se o "não" está a julgar moralmente as mulheres (o que a princesa Alice não acha, porque o "não" ajuda as mulheres, apoia-as e desde 1998 que foram criadas inúmeras associacções que dão um apoio concreto às mulheres), o "sim" está a julgar pela vida de um ser que não é seu. Portanto, antes de se dar um argumento deve-se pensar no contra-argumento.
A condenação (que efectivamente não existe, nenhuma mulher foi presa) é uma manobra de show-off que os partidos pelo "sim" fazem. "Há um julgamento? Então vamos chamar os meios de comunicação social para isto dar barraca". Ou seja, a humilhação é feita por quem quer mediatizar os julgamentos e por aquelas mulheres que vão exibir orgulhosamente t-shirts a dizer "eu fiz um aborto" ou "quem manda na minha barriga sou eu".
Se os apoiantes do "não" chamassem os meios de comunicação social sempre que uma mulher, que é apoiada pelos inúmeros voluntários que se empenham em dar escolhas à mulher e à criança, decide ter o bebé é que faziam bem. Ao menos jogava-se o mesmo jogo.
Mas por que é que será que isso não acontece?

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

Alice e a atitude cívica


Pois é, com o referendo à porta, o tempo para "blogar" não tem sido muito. A princesa Alice, voluntária da plataforma "Não Obrigada" anda numa correria de distribuição de panfletos e de colagem de outdoors. O tempo que ocupa é muito mas a causa é nobre. Nos debates que têm sido transmitidos (a princesa Alice não tem perdido nenhum), alguns argumentos deixam Alice estupefacta. Numa sociedade democrática é óptimo que exista opiniões diversas e Alice faz MESMO um esforço para tentar compreender alguns argumentos do lado do "sim". Mas quando se fala de "coisa humana", de que defender o direito da vida é algo medieval e de que quem já fez um aborto e vai votar "não" é hipócrita é difícil compreender. Os argumentos mais consistentes do lado do "sim" são os jurídicos. Mas de facto, o que está em causa na pergunta não é a despenalização. É uma pergunta 3 em 1: despenalização, liberalização até às 10 semanas e realizado em estabelecimento público com o dinheiro dos contribuintes... Portanto, quando os defensores do "sim" dizem que o que está em causa é somente a despenalização estou a refugiar-se por detrás de uma pergunta que de inocente não tem nada e onde a despenalização vem acompanhada de mais dois apêndices que fazem toda a diferença!

Depois dizem que são contra o aborto! Se são contra não o legalizem! Se algo é considerado maléfico, prejudicial, traumático, então que não se abram portas para o que é mau seja praticado em muito maior escala. O aborto clandestino é uma realidade que não vai acabar. Mesmo que o "sim" ganhe no próximo referendo, muitas mulheres por vergonha social, para não se exporem (porque o que está em causa não é somente uma lei mas uma prática que acarreta cultural e socialmente atitudes que não são vistas como uma conquista pessoal) vão continuar a ir a Espanha ou às parteiras da esquina. Já para não falar de que as 10 semanas e um dia já são criminosas!

Não terá a sociedade alternativas para este conflito de interesses, que pondere os dois lados, mãe e feto? A legalização desresponsabiliza-nos enquanto sociedade. "Queres fazer? Então faz!"

Aqui não está em causa a privacidade dessa escolha. Quando se defende a responsabilização da sociedade nesta causa fala-se de apoio, alternativas que devem ser dadas a quem engravida sem querer. Neste conflito de interesses, quando a vontade única e exclusiva da mãe ganha, implica não a interrupção mas a morte de um ser. E como se diz "para a morte não há remédio". Não se pode nunca voltar atrás.


A princesa Alice pode não andar com tempo para "blogar" mas pelo menos anda a pensar sobre assuntos sérios dos quais não se quer desresponsabilizar.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

O Nandinho é que sabe

Para se viver a vida como uma aventura....

"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo. E que posso evitar que ela vá à falência.Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um "não".É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta." Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo... "(Fernando Pessoa)

Há dias...



Jennifer Love Hewitt

Há dias em que só apetece vestir um vestido vermelho, pegar numa malinha gira e sair com ar airoso por Lisboa. Imaginando uma noite de calor, um óptimo jantar com os amigos enquanto se ouve Diana Krall... Depois, um bar elegante, com aquela luz de entardecer que se desperta por entre conversas sobre tudo e sobre nada...




Era isso que me apetecia.... Mas não tenho um vestido vermelho e nem estão lá fora 30 graus...




Sinto falta dessas noites amenas de Verão.... E ainda falta tanto...


Há dias em que a princesa Alice não gosta nada, mas mesmo nada do frio....

sábado, 27 de janeiro de 2007

Hoje, Alice anda à procura de...


Esquecer que a tua presença anda perto...

Os meus sentimentos já te desprendem... Sinto isso.

Os murmúrios já são distantes...

Mas a verdade continua aqui... Continuará sempre...

Contudo, já não me posso prender mais. O sonho já me leva mais além... E eu quero ir mais além...



Para o príncipe S.F, que de dia para dia escreve melhor.

A mudança pode chegar, como um sopro que muda o destino de tantos e tantos ventos...

terça-feira, 23 de janeiro de 2007

Hoje, Alice anda à procura de...

Conduzir melhor...

segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

Hoje, Alice anda à procura de...

Perceber para que lado gira o mundo...
É preciso arriscar, não é verdade?

sábado, 20 de janeiro de 2007

A discutível utilidade dos desgostos de amor


Na Única da semana passada (que só tive oportunidade de ler ontem à noite), Miguel Esteves Cardoso escreve uma crónica sobre o sofrimento atroz dos desgostos de amor. Diz que quem sofre alguma fez de um verdadeiro desgosto de amor nunca se recompõe. Miguel Esteves Cardoso escreve assim: "Tal é o medo de aceitar a totalidade da tragédia que são que se chega ao ponto de ver os desgostos de amor como um rito de passagem não só para a humanidade como para o próprio amor - o que é muito mais grave.(...) Já um desgosto de amor é um desgosto completo: uma desilusão e uma angústia; uma frustação de quase não existir, que começa por nós próprios, num incêndio de chuva que vai por aí a fora até estragar o mundo inteiro, incluíndo o que mais se queria proteger: a pessoa amada. (...) Acrescentando, às vezes, mais duas:«Deixa lá.» Como se pudéssemos responder:«Boa ideia - vou deixar!» Os desgostos de amor estragam a alma. É preciso ter muito medo deles. Respeito. Cuidadinho. Tratar o amor nas palminhas. Mesmo antes de chegar a pessoa que se vai amar. É que os corações partidos ficam partidos. Deixam de poder amar."

Todos nós já amámos, já provocámos algum desgosto de amor e já sofremos por amor. Mas será que os desgostos de amor são assim tão fortes? Uns, com certeza, serão mais marcantes... Mas também não serão uma óptima etapa para analisarmos as pessoas que somos e dar um empurrão na nossa vida? Nem que não seja para ocuparmos o espírito com outra coisa que não a pessoa que já não nos ama! Sem dúvida que se sofre e que algumas desilusões nos marcam para sempre. Mas devemos nós ficar agarrados àquilo que não foi e que nos convence que nunca mais vamos poder amar daquela maneira? Acho que não. A esperança de que se pode amar sempre mais nunca nos deve abandonar. Mesmo que a experiência nos mostre o contrário...

É isto que pensa a princesa Alice sobre os desgostos de amor, que ultimamente têm batido à porta dos seus amigos do reino...

Hoje, Alice anda à procura de...

Paciência e motivação...
Há dias em que não nos apetece fazer nada...

sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

Gosto tudo de si


"Gosto tudo de si".
Era o que António Lobo Antunes dizia à primeira mulher,Maria José.
É bonito, não é?
Quando um homem diz uma coisa destas na altura certa,conquista uma mulher.
Aliás, todas as alturas são boas para se ouvir isto!
Um Príncipe Encantado com jeito para as palavras é sempre uma mais-valia!
Ainda há príncipes românticos?
Hum... Alice acha que há...
Há sim senhor!!!

Hoje, Alice anda à procura de...

Sossegar o espírito...
Ai, tantos pensamentos...

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

Alice a a opinião sobre a IVG




A princesa Alice também tem uma opinião sobre a IVG. No próximo referendo, a princesa Alice vai votar conscientemente no "não".
Aqui ficam as razões e as alternativas.

O argumento utilizado pela plataforma que defende o “sim”, no próximo referendo sobre a despenalização da IVG, de que “voto sim, porque sou mulher”, deixa-me perplexa. Apesar de o embrião, feto, célula, o que lhe quiserem chamar, se desenvolver dentro de um corpo feminino, não acho que seja uma questão sexista. Independentemente de se ser homem ou mulher, ambos têm responsabilidades na formação de um novo ser. Além disso, eu vou votar “não”, porque sou mulher. Considero-me uma pessoa esclarecida e atenta à sociedade. Por isso, não gosto que as plataformas que defendem o “sim” passem um atestado de incapacidade àqueles que vão votar “não”. Aliás, não faz muito mais sentido numa sociedade que se diz humanista e desenvolvida defender as condições de vida de todos os envolvidos numa gravidez, do que optar pela solução mais fácil e desumana?
Poder-me-ão dizer: “desumano são os abortos clandestinos nos vãos das escadas”. Concordo. Mas numa sociedade em que se reclama igualdade de direito e liberdade de escolha, não terá aquela “coisa”, que se forma desde a união de um espermatozóide a um óvulo, o direito a ser defendido? Pois é, mas nesta sociedade, a liberdade de escolha é só para alguns e algumas. É assim, não é para quem quer e sim para quem pode.
A questão que se discute sobre onde começa a existir vida não me faz qualquer sentido. Se qualquer gravidez, muito desejada ou pouco desejada, for interrompida logo no dia a seguir à sua concepção, pode-se ter a certeza que não nasce nada. Portanto, e como ouvi um médico numa conferência pela altura do anterior referendo sobre o mesmo tema, dizer “um ser é aquilo que existe e não aquilo que se vê”. Mas enfim, perde-se tempo a pensar se é aos 3 meses ou às 10 semanas que começa a haver vida…
Eu vou votar “não”, porque o que está em causa não é a despenalização da IVG mas sim a liberalização do aborto até às 10 semanas. Agora lanço a pergunta: não haverá soluções mais humanas para esta questão? O meu “não” tem exigências. Mais educação, mais apoios para as famílias com dificuldades económicas, sejam eles financeiros ou em géneros, simplificação dos processos de adopção permanente e temporária. Estas soluções não iriam acabar com certeza com os abortos clandestinos e dariam mais trabalho aos vários agentes sociais e exigiriam uma maior consciencialização da sociedade. Mas não seria melhor para todos? Sim, porque se o “sim” ganhar, os abortos clandestinos não vão acabar. E quem vai sair a ganhar com o negócio são as clínicas privadas, já que com a falta de médicos obstretas e ginecologistas e com a acentuada objecção de consciência que muitos vão reclamar, os hospitais públicos poderão não ter a capacidade para responder aos pedidos que com certeza vão aumentar, basta analisar os estudos realizados em outros países onde o aborto foi liberalizado e os números das IVG’s subiram na ordem dos 30%.
A actual lei já prevê situações de legalidade para a realização do aborto e que não foram contestadas pelos médicos. Agora liberalizar algo que coloca em causa um dos maiores valores da sociedade democrática em causa, que é a igualdade de todos no direito à vida, não é uma acção que traga avanços morais ou sociais à nossa sociedade. Mas claro, tem de se pensar no direito das mães que não querem a gravidez. As mães têm direito a engravidar e abortar mas a “coisa” tem é o direito de não reclamar e estar sujeita ao que der mais jeito para os outros. A situação económica nunca deveria ser um argumento para uma pessoa abortar. A mãe ou o pai podem não querer ficar com a criança. Custa a crer mas há pessoas assim e não devem ser julgadas por isso. A sociedade tem é de dar alternativas credíveis, com instituições capazes de assegurar um saudável desenvolvimento da criança, não pelos pais, mas sim por aqueles que nascem.
Claro que o direito de escolha continua a ser um dos pilares fundamentais da sociedade democrática. Mas a escolha de se ter ou não uma gravidez vem antes. Agora, não me digam que as mulheres que são obrigadas a abortar em condições precárias estão lá porque tiveram um acidente inexplicável, porque tomaram as precauções necessárias para evitar a gravidez. Mentira! A maior parte das pessoas, e agora não está em causa se sofrem ou não com o acto de terem de abortar, abortam porque negligenciaram os métodos anticoncepcionais.
Tenho a certeza de que é na educação, no respeito pelo valor da vida, na solidariedade e na responsabilidade social que estão as soluções. Mas é mais fácil despenalizar e não ter muito mais preocupações. Acho é que é de uma tremenda arrogância alguém dizer que “vem ao mundo e não é desejado, portanto vai ser um desgraçadinho”! Pois é, mas se abrirmos os olhos vimos que à nossa volta há pessoas que foram dadas para a adopção, que não foram desejadas e que hoje são grandes pessoas. A oportunidade da igualdade e da liberdade de escolha não pode ser negada a ninguém. Mas é como digo, a liberdade não é para quem quer e sim só para quem pode.

Hoje, Alice anda à procura de...

Entender o mundo à sua volta e a porcaria do estacionamento...

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

Para quem a ausência não se sente na distância




Scarlett Johansson


Ausência


Quero dizer-te uma coisa simples: a tua
ausência dói-me. Refiro-me a essa dor que não
magoa, que se limita à alma; mas que não deixa,
por isso, de deixar alguns sinais - um peso
nos olhos, no lugar da tua imagem, e
um vazio nas mãos, como se as tuas mãos lhes
tivessem roubado o tacto. São estas as formas
do amor, podia dizer-te; e acrescentar que
as coisas simples também podem ser
complicadas, quando nos damos conta da
diferença entre o sonho e a realidade. Porém,
é o sonho que me traz a tua memória; e a
realidade aproxima-te de ti, agora que
os dias correm mais depressa, e as palavras
ficam presas numa refracção de instantes,
quando a tua voz me chama de dentro de
mim - e me faz responder-te uma coisa simples,
como dizer que a tua ausência me dói.

Nuno Júdice, in Pedro, lembrando Inês, 2001

As emoções no mundo de Alice



As reviravoltas do amor são uma realidade constante na vida de Alice ou na dos seus amigos.

O que é verdade hoje pode não o ser amanhã. Só resta esperar e escolher quando o momento chega.

Há decisões que não são fáceis. O que se sente, o que é melhor, o que é mais seguro. As dúvidas são constantes mas as dúvidas têm de ser esclarecidas. Às vezes é mais fácil ignorar, permancer no sossego confortável de nada decidir. Mas fica a dúvida, o impulso de agir, de se definir de uma vez por todas o rumo a seguir. O medo e o orgulho falam mais alto. A segurança de nada mudar instala-se. Mas Alice questiona-se: será a melhor solução? Ai.... No mundo de Alice, o maravilhoso sentimento do amor não é vivido de forma pacífica. As zonas cinzentas são mais que muitas. A certeza de um sentimento é abalada pelo receio de uma rejeição. As certezas de um sim são refutadas, com a incerteza se essa resposta está a afastar um princípe que não é o seu. Na escolha do "não", o sentimento antigo fala mais alto. Na procura do "sim", a segurança de não ir atrás, vence.

Como Alice diz sempre, nem todas as escolhas são fáceis. Ou melhor, poucas escolhas são fáceis...

As máximas de Alice

Aqui ficam algumas coisas ditas que Alice subscreve,

"Devemos viver como se não houvesse amanhã e pensar como se fossemos eternos" - Marcelo Rebelo de Sousa.

"Melhor é sempre possível" - Laurinda Alves

"Devemos ser o que de melhor o Criador pensou para cada um de nós" - Oprah

Reflexos do perfeccionismo de Alice?

A vida de Alice na blogosfera


Alice inicia-se assim neste mundo dos blogs.

Sempre achou piada ao conceito de diário on-line. Gostava da ideia de poder partilhar o que pensa e o que vive com os outros milhares que como ela pensam e vivem. Mas, por vezes, o pensamento de que não tinha nada de interessante para dizer assombrava-lhe o espiríto, remetendo a pequena para o eterno "se calhar mais tarde. Talvez em outro dia". Pois bem, esse dia chegou. Os receios de se tornar um blog monótono e sem muita piada ainda pairam no pensamento da princesa Alice. Contudo, esta decide arriscar. Mesmo que seja um blog desinteressante... Já não há tantos espalhados pelo espaço dos pensamentos escritos de tantos cibernautas?

Pois bem, sejam bem-vindos ao mundo maravilhoso (ou não) da Princesa Alice!!!