sábado, 24 de novembro de 2007

Enquanto ela me olha


Hoje, despi-me de tudo o que tinha. Renasci. Andei nua por entre a multidão que nada vê. Ergui a cabeça e sem pudor desfilei, altiva por quem olha indiferente. Assumi tudo aquilo que sou. Ou melhor, assumi tudo aquilo que serei. Desejo-me, sem complexos deste sentimento narcísico.

Ela olhou para mim e disse-me: "Hoje, resplandeces".

A luz acompanha o meu corpo nu. E ela olha-me e pensa: "Também eu quero ser assim, diferente, única, resplandescente".


Gosto de me sentir admirada. Também eu me admiro com orgulho. Sei que tenho aquilo que quero.

Grata, olho para o céu. Algo maior move os destinos de quem escolhe por entre tantos caminhos diferentes.

Num gesto simbólico, olho para trás e sorrio. Agradeço. Assumo de novo a posse altiva e continuo no rumo que escolhi. Ela continua a olhar-me, agora detrás e pensa: "Resplandescente".

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