segunda-feira, 26 de março de 2007

"Quando o amor morrer dentro de ti"


Quando o amor morrer dentro de ti,

Caminha para o alto onde haja espaço,

E com o silêncio outrora pressentido

Molda em duas colunas os teus braços.

Relembra a confusão dos pensamentos,

E neles ateia o fogo adormecido

Que uma vez, sonho de amor, teu peito ferido

Espalhou generoso aos quatro ventos.

Aos que passarem dá-lhes o abrigo

E o nocturno calor que se debruça

Sobre as faces brilhantes de soluços.

E se ninguém vier, ergue o sudário

Que mil saudosas lágrimas velaram;

Desfralda na tua alma o inventário

Do templo onde a vida ora de bruços

A Deus e aos sonhos que gelaram.


Ruy Cinatti

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