segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

De profundis


Há amores que deixam tantas marcas que, parece, nunca mais vamos conseguir ser felizes. A sensação de que nunca mais vai ser assim, que acabámos de perder o amor da nossa vida, mas que um dia, um dia, ele vai olhar para trás e perceber que perdeu aquela que o poderia fazer feliz, nunca nos abandona. E todos nós, ou quase todos, já passámos por isso.

Mas o que me irrita mesmo, porque também eu fiz isso um dia, é perceber que há pessoas que fingem estar felizes, realizadas e "na boa" mesmo sem A pessoa ao seu lado. Aparentemente até acreditam que são um máximo e que mais cedo ou mais tarde vai aparecer alguém que as faça sentir merecedoras de amor. Contudo, no mais profundo do seu ser, naquele lugar em que ninguém ou muito poucos entram, a dor instalou-se e o amanhã vive do desejo de que o passado volte a ser presente. Oscar Wild dizia que a dor não usa máscara e eu não podia estar mais em desacordo. Usa, usa e muitas máscaras! Porque eu quero que o outro acredite que eu estou bem, e que continuo a achar-me sexy e que, loucura, até pense que eu já tenho alguém! (Que até podemos ter, mas que funciona apenas como areia para os olhos). E tudo isso me entristece. Porque não deveria haver vergonha no tentar ultrapassar um desgosto de amor, no admitir que fomos rejeitados, que amámos mais do que fomos amados. E depois? Hoje chora-se o dia inteiro, amanhã só durante a tarde e depois, um dia, já nem choramos! É óbvio que temos de tentar deixar a tristeza para trás, desprendê-la do corpo e da alma, mas isso não signifca enganarmo-nos, mentir a nós próprios.

E pronto, tenho pena que nós, mulheres, achemos sempre que temos algo para provar e para mostrar a alguém, nem que seja: "Vês como eu sobrevivo sem ti?"

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